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Brasil vivencia aumento da violência política e insegurança democrática

O ano de 2022 é marcado por aumento nos casos de agressões motivados por ódio


Por Lorena Lima


Fernando Frazão/Agência Brasil


A violência política tem se tornado cada vez mais recorrente no Brasil, principalmente com a proximidade do primeiro turno das eleições de 2022. Um dos fatores apontados por tanta insegurança é a polarização política e o extremismo, apologia ao ódio contra grupos sociais e até brutalidades e atentados contra a vida.



Um dos primeiros ataques registrados esse ano foi do agente penitenciário Jorge Guaranho, quem invadiu a festa de aniversário do diligente do Partido dos Trabalhadores Marcelo Arruda, que tinha no próprio aniversário decoração do candidato o ex-presidente Lula. O acusado atirou e assassinou Marcelo. Apesar de na época a investigação não ter considerado o crime violência política, Jorge era apoiador do atua presidente Bolsonaro e candidato a reeleição.


Foto: Domingos Peixoto / Agência Globo


Desde então a mídia vem noticiado recorrente aumento de casos semelhantes: três no último fim de semana e mais dois no Ceará só na terça-feira (27). Já na quarta (28) mulher que usava bolsa com estampa de Lula é agredida em via em Brasília, ainda no Distrito Federal, petistas soltaram caixa de abelhas contra bolsonaristas em briga. No fim da tarde da última segunda (25) o motorista Inário Pereira Souza de 29 anos foi morto a tiros, ele trabalhava para candidata que apoia o Lula no Ceará.


O Observatório da Violência Política Eleitoral da UniRio, que mapeia crimes como homicídios, atentados e sequestros; concluiu em levantamento que nos últimos três anos no Brasil os casos de violência política cresceram 335% . Só no primeiro semestre de 2022 foram identificados 214 registros, enquanto no mesmo período de 2019 foram 47 casos.


A mestre em Antropologia pela Universidade de Brasília (UNB) e graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Amapá Cibelle Canto afirma que a partir do momento que se instaurou uma desconfiança das instituições, com apoio de notícias falsas, esses números aumentaram.


“Desde o processo democrático em 1988, a violência política vinha diminuído até o ano de 2010, a partir de então veio aumentando essa violência. Nós temos observado que esse aumento caminha junto com uma onda de um pensamento conservador e neoliberal, que vem se instaurando não só no Brasil, mas também no contexto mundial. Esse pensamento mais conservador que estimula liberação de uso de armas e que estimula discursos de ódio contribui para que a gente constitua uma sociedade mais violenta”, explica a antropóloga Cibelle Canto.


O artifício do medo utilizado por grupos extremistas chega a silenciar pessoas que pensam ideologicamente diferente, o que torna a democracia mais fragilizada. Não poder ter o direito de pensar e manifestar o pensamento é uma forma de dominar e garantir o poder de determinada classe e determinada ideologia de pensamento dominante. Marcella Vieira é historiadora pela UNIFAP e mestranda em história pela UNB, ela faz parte do Grupo de Pesquisa ‘Democracias e Ditaduras da Unifap’; afirma que a violência política crescente é causada pelo autoritarismo.


Mulher grávida é ferida em ato de violência política, em São Gonçalo


“Ninguém pode ter medo de votar ou de declarar apoio em alguém, a democracia perde seu principal pilar, que é o exercício da cidadania. Historicamente tem bastante a ver com a raiz autoritária em que os votos sempre foram controlados, ligados a essa força bruta e a raiz do bolsonarismo é de um poder conquistado através da milícia (que tem controle sobre as comunidades através da violência)”, comenta a historiadora Marcela.


São movimentações pensadas em lógica de campanha de medo. Nos moldes da ditadura, onde os militares impunham a ideologia deles, era tudo através da violência. “Se você impõe uma lógica do MEDO, você condiciona as pessoas a não se expressarem, a não multiplicar apoio ou construir uma oposição. A ditadura atuou assim: deixando as pessoas em casa, com medo de questionar e assim foram 21 anos dos militares no poder”, afirma Marcela.

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