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“Morreram sem receber”: serventes e merendeiras manifestam por salário atrasado há 6 anos

O ato pacífico em frente ao palácio tinha como maioria pessoas idosas com problemas de saúde


Manifestantes carregaram cartazes de ordem com as palavras "fome" e "sofrimento". Foto: Nonato Santana


Por Lorena Lima


Merendeira e serventes que trabalham nas escolas estaduais, ou que já se aposentaram por problemas de saúde, reuniram-se na manhã dessa quarta-feira (14) em manifestação pelo pagamento dos salários ainda não pagos pelo Governo. O advogado e as diversas trabalhadoras presentes relataram que não recebem o pagamento devido há seis anos. O ato contou com concentração na Praça da Bandeira e buzinada com palavras de ordem em frente ao Palácio.


Foto: Nonato Santana


Nos cartazes era possível ler as palavras “fome”, “merendeiras e serventes morreram sem receber”, além do sentimento de indignação de manifestantes presentes.


Dona Maria Neura Cardoso é aposentada desde quando adoeceu no local de trabalho, e toma remédios caros todos os dias para as múltiplas comorbidades que tem: para fibromialgia, artrose e hipotireoidismo. “Eu tô afastada por motivo de saúde. Quando o INSS resolve me dá o benefício eu recebo, quando não eu não tenho como trabalhar, adoeci em local de trabalho. Que o governo pague o que é nosso de direito, nós não estamos pedindo esmola de ninguém, trabalhamos e é nosso direito”, desabafa a aposentada Maria Neura.


“É muito difícil, meu marido ficou sem trabalhar, imagina uma pessoa que depende de remédio todos os dias. já trabalhamos, se a justiça já deu nosso direito por que o governo não paga?” – Dona Maria


A servente aposentada Marina Tomé de França também não recebeu qualquer pagamento nos últimos seis anos. “Nunca recebi meus direitos, estou aposentada por problema de saúde, com quatro meses de uma cirurgia no rim que tive de fazer, tenho problema de diabetes”, revela Marina Tomé. A aposentada clama ao Governo Estadual: “olhe por essa classe. Eu trabalhei dez anos e quatro meses na escola fazendo merenda, e o governador não olha pela gente. A gente tá doente”.


Foto: Nonato Santana


A esposa do Reginaldo de Souza faleceu no colégio onde trabalhava em 2017 e nunca recebeu os pagamentos que deviam a ela. “Até hoje eu só recebi um FGTS que era dela, dos outros valores eu nunca recebi nada. A gente vem em prol dessa luta. muitas pessoas já foram enterradas esperando esses valores. A minha esposa morreu em prol de ajudar as crianças”, manifesta seu Reginaldo.


De acordo com o advogado Jean e Silva Dias, a manifestação é um ato de desespero, de sacrifício. São idosas e idosos que buscam reconhecimento dos seus direitos, que na realidade já foram chancelados e garantidos pela justiça do trabalho, só que o Governo do Estado do Amapá se nega a pagar há mais de seis anos. “Pessoas que fazem a merenda dos nossos alunos, que limpam as privadas das escolas, mas que infelizmente o Governo do Amapá faz questão de colocar no cemitério essas pessoas”, comenta.


Ato em frente ao Palácio. Foto: Lorena Lima


São mais de 3 mil servidores, sendo atingidas 15 mil famílias nos 16 municípios do estado. A reportagem tentou contato com a Secretaria de Comunicação do Estado que até o fechamento dessa matéria não se pronunciou.

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